terça-feira, 16 de setembro de 2008

Newton está certo.

Eu acho que tá bom...

Talvez eu possa deixar assim...

Terminar um texto sem nada pra dizer e com três pontos no final...

Eu acho que tá bom...

Falar sem demonstrar o "MONSTRUÁRIO", mentir dizendo a verdade, terminar caindo ao chão...

Eu acho que tá bom...

Pois pra que viajar no espaço infinito se meu destino é o núcleo da terra...

Eu acho que ta bom...

Talvez eu me sinta melhor assim...

Terminar um texto sem muito pra dizer e ao invés de três fico com somente um EU acho

.

A terrível velocidade do freio.

Onde eu fui?

Onde nós fomos?

Onde eu estou agora?

Onde nós estamos agora?

Para onde estou indo?

Para onde estamos indo?

Fui eu, onde?

Fomos nós, onde?

Agora estou eu, onde?

Agora estamos nós, onde?

Indo estou onde para?

Indo estamos onde para?

Para!

Isso tem que parar!

Será que é tarde?

Ou será que a existência do

freio é a vontade de continuar?

domingo, 14 de setembro de 2008

O menino que chorava sorrisos

deitado na marquise vejo a garatuja nua
viajo calado a ríspida sensação de poderes titânicos e répteis venenosos.
sorrindo um pássaro livre me aparece sem medo
dizendo: - Somos todos um só!
Diz certo, pensa, prensa, pesa, prefácio de um acontecimento escrito por mãos aleijadas de tantas porradas de ilusão, mas que doem como uma dor real.
O sorriso libera a lágrima que canta enquanto escorre.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Olhando por dentro vejo fora

A lágrima por dentro é seca

O sangue por dentro é vinagre

O oco por dentro está cheio

A palavra por dentro é sem verbo

A poeira por dentro é limpa

A inocência por dentro é crime

O sol por dentro é molhado

A terra por dentro é onda

O gás por dentro é imóvel

A cova por dentro é homem

O turvo por dentro é grau

O branco por dentro é carvão

O arco-íris por dentro é sem cor

O preto por dentro é pálido

O amor por dentro é incolor

O pintor por dentro é cego

A rota por dentro está perdida

D’eus por dentro é de nós

A vida por dentro é sozinha

O carinho por dentro é renuncia

A imagem por dentro é vazia

A criança por dentro é tirana

A maldade por dentro é afago

O céu por dentro crosta

O sujo por dentro é cristal

O reza por dentro é tentação

A morte por dentro é testemunha

Olhando por dentro é olhando por fora

quinta-feira, 15 de maio de 2008

SUEDEHEAD (I'M SO SORRY/ AH.... I'M SO SO....RRY)

Engraçado, estava eu um dia desses dentro de um ônibus, me sentei numa poltrona qualquer em frente onde duas pessoas conversavam. Quero dizer só uma falava, a outra coitada, não falava nada, talvez por ter sua língua cortada, vai saber. Pois bem, eles conversavam um pouco alto, e isso, deixava impossível deixar de ouvir sobre o que conversavam. E olha que seria capaz de fazer grandes coisas para não ter escutado o que ouvi! Bom, pra começa o cara ( só um que falava, lembra? ) tinha uma voz estridente, enjoada, parecia que conversava com uma pessoa, e esta, estava lá do outro lado do ônibus, sendo que o cara que ele se direcionava na conversa estava praticamente grudado nele. O cara falava de assuntos até um pouco polêmicos, talvez queria chamar a atenção no ônibus, não sei. Mas, só sei que ele conseguiu, se não de todos, pelo menos a minha com certeza. E foi assim: - Blá, blá, blá. Blá, blá, blá... - E eu lá tendo de ouvir todos aqueles assuntos que não me diziam respeito. Foi quando de repente “eles” começaram a falar algo que para mim era um assunto pertinente. O cara começou a falar mal da arte (diretamente sobre a representação do artista na sociedade), em todas as suas vertentes. E dizia ele assim:

- O que esses caras fazem? Em que ajudam, eles, no girar do mundo? O fazem eles para manter o funcionamento da sociedade, o funcionamento do sistema?

Dei uma olhadinha de leve pra traz pra mostrar-lhe minha total insatisfação sobre sua colocação infeliz. Tinha eu uma resposta na ponta da língua para metralhá-lo, mas, o que podia fazer? Seria muita falta, o meu entrar num assunto que não me dizia respeito, quero dizer, em termos, claro. Pois o que era comentado tinha muito a haver comigo. Ele comentava os assuntos na intenção, sempre, sobre uma visão econômica do lance. Visão, que é claro, econômica DELE! E me virei, muito puto pela opinião daquele cara, e disse:

- Meu camarada, o que fazemos é arte! E sobre a ajuda, não giramos o mundo, o fazemos flutuar! E para manter o funcionamento desta sociedade, ou sistema, se assim preferir. O artista, o verdadeiro artista, tem por um momento, com todo seu talento, proeza, e entrega, a audácia de desligá-lo!

Bom, na verdade essa foi uma das respostas, e atitudes que ficaram em meu pensamento naquele momento. Fiquei numa vontade enorme de dizer isso, mas devido à maldita educação que me foi ensinada de não me intrometer nos assuntos alheios, fiquei com essa resposta pra mim. Mas olhando pelo lado bom... Pelo menos eu tenho uma resposta. Quem sabe um dia ele encontre uma para definir o que ele é!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Canção do rouxinol afrodisíaco.

Agudo no alto do prédio

enxergo a sensatez absurda que existe na grama lá em baixo.

Acaba mais um dia no pensamento do mundo,

e todos uivam como lobos no transe de peiotes

e margaritas que evidenciam o crime.

Ah... Quem me dera ver uma ALma!

“Trem de pouso, malevolência”

Quem me dera ter, mesmo que só uma!

“Alfinetes lançados no espaço”

Alma... Mesmo se com letras trocadas tu se apresentasse!

E mesmo que fosse tu usada por toda eternidade. Quem me dera ter!

Hãm!? Ah é!? Espera um pouco...

Será que eu poderia mesmo?!

Então tá! Apresentem-me à LAma, ó querida LAma!

domingo, 27 de abril de 2008

DOENÇA DE TODOS E DE NINGUÉM.

Certo dia procurei um posto de saúde achando que estava com dengue. Sentia todos os sintomas da doença e por isso, busquei ajuda médica. Porra, as pessoas estão morrendo desta doença hoje. Esta é sem dúvida a doença do descaso total de todos. É disso que eu posso chamar esta doença.
Pois bem... Ao ficar na fila de espera por mais de uma hora pra ser atendido. O médico chama meu nome, e lá fui em direção à sala. Ao entra na sala:
- Com sua licença. - Educadamente fui adentrando à sala do Doutor.
- Por favor, sente. Qual é seu problema? – O Doutor me pergunta.
- Acho que estou com dengue Doutor. – Ele me olhou com o rosto inclinado, e suas mãos em cima da mesa se cruzavam, e perguntou:
- Tem sentido dores de cabeça? – respirei fundo e lhe respondi:
- Sim, mas é que ultimamente tenho pensado demais em situações muito “loucas”, mas também muito legais. Tenho pensado muito no mundo e no que posso fazer pra melhorá-lo. Coisas desse tipo!
-Hum... Sei. E dores nos olhos?
- Também doutor. Principalmente porque tenho lançado um novo olhar sobre as coisas que acontecem no mundo. Tenho olhado com mais amplitude e tenho feito melhor analise sobre os fatos que ocorrem. – O médico prestando bastante atenção e com sua prancheta anota tudo sem deixar escapar nenhuma explicação dos sintomas que eu tinha.
- Huhumm... Entendo. Mas me diga! Dores no corpo, você tem sentido?
- Sim, mas dores no corpo já sinto há muito tempo! Não levarei em consideração este sintoma. Isto é herança de uma vida rotineira e sedentária. Mas não me preocupo com isso, tenho meus livros para me fazer companhia.
-Eh... E você apresentou algum estado de febre?
-Olha doutor só tenho algo parecido quando escuto rock`n roll. O senhor sabe né?! Led zeppelin, the doors , pink floyd, Stones.... E por aí vai!
O médico me olhou; e sua face não era nada agradável.
- O caso é sério meu filho! – Eu fiquei preocupado e no ato me coloquei à disposição de qualquer remédio ou tratamento que pudesse me oferecer.
- Me diga Doutor o que eu tenho? O que devo fazer?
- Bom meu filho o que você tem não é dengue. Disso você fique tranqüilo. Esta é a boa noticia! Mas, como sempre a também uma má noticia! Posso te dizer que o que tens é ainda pior. Isto que você tem é indignação aguda, revolta no peito e virose nas palavras. Mas tem tratamento, não se preocupe. O que você tem que fazer é seguir o tratamento com muito rigor. Não poderá vacilar. Será um tratamento intensivo. Se o fizer certo ficará curado. Disto eu tenho certeza!
- Então vamos lá Doutor, passe-me este tratamento! – E ele com tudo anotado já em sua prancheta, me mostra tudo o que deveria fazer.
- Para as dores de cabeça você deve ler bastante, mais bastante mesmo! Leituras de fofocas que falam sobre celebridades e outras coisas idiotas deste mesmo segmento farão muito bem a você. Ah, e pare de ficar pensando em tentar melhorar este mundo. É melhor pra você tomar como exemplos os artistas que estão nestas revistas. Ser famoso, ser uma estrela, isso que deve ser o mais importante, o egoísmo deve prevalecer. Você é mais importante que qualquer um. Veja que neles não à vontade em fazer uma arte verdadeira, cortante, e cutucadora. Continuam sempre se repetindo,fazendo as mesmas coisas. Mas é isto que é o certo! É esse o segredo do negócio. Você terá de ficar pensando em ser o que aquele cara já é! Nada de tentar ser você mesmo. Tentar se encontrar. Hahaha... Isso não tá com nada. Receito que leia isto pela manhã todos os dias. Para as dores nos olhos receito para você, ver bastante televisão e em qualquer horário, todos os dias. Principalmente aos domingos, quando a dose vem reforçada com uma alta concentração de estupidez, total falta de informação e de coisas que seriam interessantes de pra assistir tv. Bom, fácil né? Até ai tudo bem! Continuando. Com as dores no corpo... Você se exercita meu filho?! – Balancei a cabeça e comecei a lhe explicar - Não muito, vez ou outra que me alongo, mas na verdade não gosto. Prefiro exercitar o músculo que esta dentro da cabeça. – O Doutor me interrompeu no ato – Meu filho este negócio de ficar lendo livros de filosofia, ficar pensando, ir a bares e botequins com amigos literatos e ficar de conversa fiada, esta historia de papo-cabeça. Isso está te arruinando! Pare com isso já! Senão o tratamento fica mais difícil pode até nem funcionar. E para a febre... Esta é a parte mais difícil do tratamento, mas você vai conseguir. Acredito que possa com certeza! Bom, para a febre escute bastante rádio, também pode ser em qualquer horário, todos os dias. Compre também Cds destas bandas de “rock-brasileiro-atual”. Será de grande ajuda para você neste sintoma que esta sentindo. O importante é você entupir seus ouvidos com as músicas desta juventude de hoje. Vai ser muito bom pra você ouvir os assuntos que esta geração tem pra comentar. E se gerar muito custo, pode baixar pela net. Pois comprar cds desta rapaziada, acaba saindo caro. Bom, é só isso! Tudo agora só vai depender da sua força de vontade com o tratamento. – Termina o Doutor com um sorrisinho escroto no canto da boca.
Com tudo aquilo que tinha acabado de me dizer, fiquei um pouco atônito tentando aceitar aquele tratamento que realmente só seria fácil na cabeça daquele médico. Então, retruquei esta última etapa do tratamento.
- Porra Doutor, mas este ai é muito pesado. Este rock infantilizado que estes “roqueiros” fazem hoje em dia, deturpa todo o segmento do que é o Rock na sua essência. Eles falam sobre coisas bobocas,“emodiotas”,”emociopatas”, achando que o sentido da vida esta nos sites de relacionamentos ou coisas desse tipo. Vai ser difícil ouvir essas bandas, faça-me um favor! – E ainda não acreditando no que teria que fazer para deixar de sentir aquelas dores, fiz uma ultima pergunta: - Doutor tem certeza que só existe este tratamento, não há outra alternativa? – O médico desviou o olhar dirigindo-o ao chão, inspirou e expirou num ritmo centrado e cheio de preocupação; voltou o olhar para mim e disse com toda a seriedade que necessitava à profissão:
- Meu filho se não for isso, lamento. Você está perdido! – E depois de uma breve reflexão olhei para os olhos do médico com a mesma seriedade e disse:
- Então Doutor...EUTANÁSIA JÁ!- Ele se assustou com o que eu disse e esbravejou – Você é louco! - E já levantando lhe dei as costas e sai da sala, querendo nunca mais olhar pra cara daquele médico e nunca mais voltar aquele posto de saúde.
Passado algum tempo fiz o que deveria ter feito desde o início. Tornei-me amigo de minhas dores.