quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ausência

Hoje quase tirei meu corpo fora de todo conteúdo que te faz existir
Vi na carta marcada os amores perdidos que fecham a rodada em cada cortada de cartas de copas
Fixei meus olhos num ponto cego e as pupilas dilatadas denunciaram o vazio oblíquo da minha solidão
Fui dilacerado e inutilmente meus pedaços persistem em existir rastejando como larvas de moscas postas no lixo da rua
Meu segredo é um livro aberto dividido às publicações ilegíveis dos jornais que embrulham o peixe
Minha validade é tão longa como brasa em contato com a chuva
Minha destreza é tão grande como quarks de matéria morta e a minha natureza é tão falha que ainda continuo crescendo e sendo cultivado pelo lirismo da sua ausência.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Para ela

Quando ouço a voz dela... Mesmo suas palavras frias me aquecem
Quando ouço a voz dela... Até o pesado piano que carrego nas costas soa melodias das mais belas
Quando ouço a voz dela... As paredes lisas dos meu quarto abrem duas janelas
Quando ouço a voz dela...
Quando ouço a voz dela... Mesmo por telefone, imagino aquele sorriso que brilha
Quando ouço a voz dela... Sei que ela é tudo quanto queria
Quando ouço a voz dela... Foda-se o sol que já não brilha
Quando ouço a voz dela...
Quando ouço a voz dela... Mesmo que surdo eu escutaria.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Não

Quando nasci meus pulsos vieram blindados... Não consigo me cortar
Quando nasci minha alma veio leve, flutuante... Mas o mundo de ponta cabeça me fez voar em direção ao chão
Quando nasci meu corpo era forte... Mas os duelos foram maiores e hoje me encontro um frangote
Quando nasci era cheio de amor... Mas tudo acabou, morreu quando você me disse: não.